terça-feira, 13 de março de 2012

Vou ficar de andada até te encontrar.


 





Meu pai já me dizia:  Quando em nosso vocabulário entra a expressão " no meu tempo era assim... " das duas uma, ou o cidadão está ficando velho ou não reflete sobre o tempo em que vive. Mas vou repetir o clichê paterno e comentar. No meu tempo de adolescente a ânsia de se ter um referente era muito importante. Vivíamos em uma geração "non sense" , sem noção na tradução literal mesmo, desvalorizando ideias, desconstruindo conceitos ( não que isso seja ruim , mas sem nenhum embasamento construtivo fica difícil ) . 

No meu tempo os heróis eram os anti, os de fora, principalmente. Naquela época , minha cidade vivia em artes sombras, rabiscos, metáforas em uma desordem mascarada de revolução, ou rebeldia. No meu tempo de adolescente eu não me ouvia, como ainda não me ouço. Eu não me via no carnaval, meus tambores estavam surdos, os calungas cobertos por uma infinidades de vogais bahianas que ainda ( com menos intensidade claro) circulam pelos ouvidos da geração atual. No meu tempo, os moleques jogavam pedras em passistas e os palhaços do largo do Amparo eram reconhecidos em um piscar de olhos. 

Mas tem um detalhe : No meio dessa "escuridão" existiam olhos acesos, distantes do centro, curiosos é lógico. E nesse zoológico que era meu tempo surgi um caranguejo, com cerébro , pensante. E seu som ecoou pelos quatro cantos de Olinda em meus ouvidos como se fosse um tufão adrenalizante em plena Agamenon Magalhães, destruindo todo alicerce musical já existente no meu  mundo-cabeça. E até hoje não me arrependo te te valorizar, de te divulgar caranguejo malungo, pois se aquele poste não tivesse te levado quem sabe as novinhas de hoje ainda seriam "manguegirls". Seria perfeito voltar a conversar , pelas ladeiras como fazíamos antes, sobre literatura, cinema, artes plásticas e coisa e tal... ao invés de comentar em conversas monossilábicas que o seu short é o mais curto do bairro. 

Esse caranguejo pensante é Francisco de Assis França, Chico Science. Neste 13 de março, logo depois do aniversário das cidades que ela ajudou a reinventar,  completaria 46 anos. Parabéns Chico, e obrigado por o que você fez na minha vida, mesmo sendo curto o período que convivemos neste plano, não esquecerei do efeito causado, e muito menos daquele vinho Carreteiro que tomamos no MAC. 

Enfim, deixo um vídeo para visualização ( e inspiração ) da geração atual, Risoflora, a melhor música de amor de todos os tempos, mesmo sem dizer as frases "Aí se te pego" ou " Eu amo amar você. 

Em lágrimas, termino esse pequeno texto, e avisando e incremetando o clichê do meu pai: Reflito sim sobre meu tempo e afirmo que no meu tempo.... era foda!!! Chico, vou ficar de andada até te achar.

Chila relê tome lindró !!!!!!!!